Sabe aquele tipo de filme que você não bota fé, que só vai assitir empurrado por um amigo, e que quando termina de assistir você vê que poderia ter perdido o filme do ano? É mais ou menos esse o caso de Bruna Surfistinha. A primeira vista, o filme nos passa a impressão de ser mais um com cenas fortes, nos mostrando a vida badalada de uma prostituta que se deu bem... na verdade não é bem assim.
Raquel Pacheco (Débora Secco) é uma garota qualquer, que passa sempre despercebida por entre as garotas do colégio dela. Apesar de tudo, ela mostra sua vontade de se tornar uma prostituta, fazendo showzinhos sem graça pela webcam. Até nessa parte do filme, ela se mostra como uma nerd que paga um boquete para os colegas de classe que a negligencia depois, como se nada tivesse acontecido. Adotada e zoada pelo irmão, ela resolve largar a vida de patricinha de classe média e se lança no mercado da prostituição, agenciada pela cafetina Larissa (Drica Moraes), que logo vê nela um futuro para coisa.
Seu rosto infantil e despreparado logo atrai a maioria dos clientes de todos os tipos, tamanhos e fetiches. Aconcelhada por Larissa, Raquel troca seu nome para Bruna, já que o primeiro cliente dela (Cássio Gabus Mendes) pergunta qual seria seu nome. Mesmo sem engolir o nome falso, eles começam o programa. E ai q você vê que talvez o filme valha a pena: ela olha pra tela com a dor da penetração, mas não arrega, ela continua te encarando querendo que você a julgue pelo oque ela está fazendo: "você faria igual?"
E é isso que é legal no filme, ela não vira puta por necessidade ou por que não tem outra saida, ela gosta do que faz, sente prazer, e esse é um dos principais motivos de sua fama, e, apesar de tudo, ela está correndo atrás do sonho dela. Mas é ai que o roteiro começa a falhar.
Bruna se torna uma mulher forte e destemida do nada: Num take, ela é a patricinha medrosa do grupo, no outro, ela xinga meio mundo e encara até a cafetina por que lhe roubaram as coisas. Isso ficou muito estranho, como será que ela deixou de ser a trouxa que era estuprada pelo colega rico? Prefiro pensar que ela se tocou que não estava mais no mundo antigo e protegido dela, mas que agora teria que lutar para sobreviver.
Algo que também chamou minha atenção no filme, foi aquele tipo de humor sem noção colocado meio que sem querer em certas partes, como o nipe dos clientes que ela atendia, como o polvilho e seu talquinho, ou aquele outro que só ia lá para trocar os móveis de lugar. E, de cliente a cliente, Bruna se torna a prostituta mais badalada de Larissa, que, ganhando muito bem com Bruna, desperta a inveja das outras meninas, mas que logo são resolvidas, logo tornando-se grandes amigas de festas.E é em uma dessas festas que Bruna conhece Carol, uma mulher aproveitadora que se casou com um velho rico só para que pudesse viver nas baladas e cheirando suas carreirinhas de pó. Bruna e Carol logo se tornam "amigas" de festas e Carol lhe apresenta a cocaína, droga a qual Bruna se torna viciada. E é ai que a vida de Bruna muda de uma vez.
Depois de ser expussa da casa de Larissa junto de uma amiga, pelo fato das duas terem assumido a posse de um saquinho de pó, elas duas se mudam para uma cobertura no centro de São Paulo, que fora conseguido com a ajuda de Carol e passam a atender os clientes lá. Entre transas seguidas de conversas sobre a vida de seus clientes, ela começa a escrever sobre cada um de seus casos num blog, o que almentou ainda mais sua popularidade entre os homens casados ou não. Porém, é como diz o ditado, quanto mais alto se sobe, mais forte é a queda.
De repente, ela começa gastando mais do que deve e se vê numa situação deplorável de uma hora pra outra, tendo de começar a fazer programas de 20 reais lá no fundo do poço, outro erro do roteiro.
Digamos que o filme se resume em assenção até os minutos finais, para que depois decaída aconteça de forma instâtaneamente rápida, como se depois de um programa mal sucedido e de cobrar 300 reais de um cliente antigo, a decadencia fosse iminente. Ai vem o anjo da guarda, a salva, e depois de vários minutos de pressão psicológica ela muda de idéia num passe de mágica, querendo de repente se casar e publicar seu livro, não antes de alcançar seus 800 clientes para se estabilizar economicamente (coisa que ela nem cogitava em fazer a dois minutos atrás) se livrando do vício do pó, como se fosse fácil, mas se bem que ai teria de ser outro filme, chamado "A volta de Raquel Pacheco".
Bom, enfim, eu gostei bastante do filme, apesar destes erros um tanto estranhos. Poderiam ter esclarecido algumas coisas e omitido algumas outras, mas tá valendo, já que a proposta do filme era fazer sobre prostituição. Nem preciso falar da atuação de Deborah Secco que está perfeitamente entrosada com a personagem que é tão extremo, sem que sua atuação deixe de desejar: ela sabe ser sexy quando quer, deboxada, nerd tudo numa personagem só. Vá de mente aberta e procure entender cada lado da trama que eu garanto que você irá se divertir. Só não aconcelho ir com os pais ou com a namorada (o), cabuloso, diga-se de passagem...